Era estranho ele um dia da semana. Talvez fosse sempre,
mas um dia isso era evidente.
Poderia ser eu esse dia a estranha.
Estranhando nos entrevia. Emaranhávamos pela sala,
e quando não percebíamos, espalhávamos por todos os cômodos, todas as vias.
Qualquer pensamento labirintava os olhares.
Desconhecidíamos.
Tudo já estava pronto: janta, pia chão, banho. Dificilmente em outro dia conversaríamos sobre assuntos peculiares,
os desejos aflitos, os contornos, a pele pelando.
Éramos estranhos,
mas ele estava nesse dia, tenho certeza.
Será que ele quer algo.
Eu também.
Ele vinha e eu ia vindo. Peguei cobertor, nem tava tão frio,
ele sem camisa.
Cobria meu peito seu olhar estanho,
a coberta virou travesseiro.
Nós dois sozinhos sempre era difícil,
havia várias de mim e ele nunca me escolhia.
Hoje
ele quis e também estava só.
Nu vendo nossos descalços beijos, queria sempre estar ali.
Chovia pela casa e ele molhado enxugava meu sono.
Eu acordei
e ele bocejava poesias no meu hálito.
Esses nossos desencontros encontravam conforto no repouso
acolhido pelo o que não aparecia,
e parecendo,
éramos estranhos nessa noite.
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5 comentários:
Poesia maravilhosa! Descreve - se é que é possível - meu objeto de estudo: a subjetividade. "Nós dois sozinhos sempre era difícil,
havia várias de mim e ele nunca me escolhia" - linda essa parte! Recebi a indicação do blog do Thiago Uchoas... é o autor? ou admirador do blog? Bom... obrigada pela dica! Excelente!
Às vezes, parecíamos estranhos, um para o outro, mas os diferentes "eus" que em você existia, se encontravam em alguns momentos, tão semelhante aos meus. Seria uma troca? A convivência de tanto tempo nos foi dado o privilégio de compartilhar valores, sentimentos, sensações,o tão esperado amor.
Alexandra
amigo, sucesso aí no blog!
tou na correria mas tentarei ver o teu material com mais calma qquer hora dessas!
abraço
linda estranheza, nem tão estranha assim. Somos todos estranhos, com profundas estranhezas das entranhas. Convido-lhe para conhecer meu novo projeto, com mais duas amigas. Um projeto estranho, de fato:
http://entranhasvermelhas.blogspot.com/
abraços poéticos!
Nu vendo nossos descalços beijos, queria sempre estar ali.
Bacana isso.
Vamos em frente, véio!
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