quinta-feira, 3 de junho de 2010

eramos estranhos

Era estranho ele um dia da semana. Talvez fosse sempre,
mas um dia isso era evidente.
Poderia ser eu esse dia a estranha.
Estranhando nos entrevia. Emaranhávamos pela sala,
e quando não percebíamos, espalhávamos por todos os cômodos, todas as vias.
Qualquer pensamento labirintava os olhares.
Desconhecidíamos.
Tudo já estava pronto: janta, pia chão, banho. Dificilmente em outro dia conversaríamos sobre assuntos peculiares,
os desejos aflitos, os contornos, a pele pelando.
Éramos estranhos,
mas ele estava nesse dia, tenho certeza.
Será que ele quer algo.
Eu também.
Ele vinha e eu ia vindo. Peguei cobertor, nem tava tão frio,
ele sem camisa.
Cobria meu peito seu olhar estanho,
a coberta virou travesseiro.
Nós dois sozinhos sempre era difícil,
havia várias de mim e ele nunca me escolhia.
Hoje
ele quis e também estava só.
Nu vendo nossos descalços beijos, queria sempre estar ali.
Chovia pela casa e ele molhado enxugava meu sono.
Eu acordei
e ele bocejava poesias no meu hálito.
Esses nossos desencontros encontravam conforto no repouso
acolhido pelo o que não aparecia,
e parecendo,
éramos estranhos nessa noite.